Olá a todos vocês que chegaram aqui no blog para aprender mais sobre as doenças materno infecciosas, bem como suas relações com a amamentação. Escrevo esse post porque tem doenças virais e bacterianas que têm suas ressalvas quanto à amamentação. E decidi facilitar o aprendizado e trazer aqui um compilado de informações.
Doença bacteriana contra indica amamentação?
A maioria das doenças infecciosas bacterianas maternas não contraindica o aleitamento materno, no entanto, em infecções graves e invasivas, tais como meningite, osteomielite, artrite séptica, septicemia ou bacteremia causadas por alguns organismos como Brucella, Streptococcus do Grupo B, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenza Tipo B, Streptococcus pneumoniae ou Neisseria miningitidis, a interrupção temporária da amamentação se faz necessária por um período que varia de 24 a 96 horas após o início da terapia antimicrobiana e alguma evidência de melhora clínica.
Tuberculose e amamentação
Em casos de doenças bacterianas, como na tuberculose, crianças nascidas de mães mãe bacilíferas ou tratadas por 2 ou mais semanas antes do nascimento de seus filhos devem ser orientadas a amamentar sem qualquer restrição. Seus filhos devem receber a vacina BCG logo após o nascimento. Mulheres com sinais, sintomas e exames radiológicos consistentes com doença tuberculosa ativa devem restringir o contato com a criança devido à transmissão potencial da doença por meio das gotículas do trato respiratório.
Mastite e abcesso mamário, o que fazer?
Em casos de mastite e abscesso mamário, não são consideradas infecções invasivas e não contraindicam a amamentação.E, a presença de patógenos bacterianos no leite materno não representa risco para o lactente.
E hanseniase?
Na hanseníase, a transmissão se dá por meio do contato pessoal por meio das secreções nasais e da pele. Portanto, a mãe deverá ser aconselhada a diminuir, ao máximo, o contato com o seu filho; praticar medidas de higiene, tais como lavagem das mãos antes de manter contato com a criança, desinfecção de materiais que entram em contato com as secreções nasais maternas, uso de lenços descartáveis; além do uso de máscaras no momento da amamentação, quando esta já estiver indicada, ou durante o contato com a criança. Se a lactante estiver sob tratamento adequado, não há contraindicação para a amamentação. Os fármacos usados para o tratamento da hanseníase não contraindicam a amamentação e o recém-nascido deverá ser precocemente tratado, simultaneamente ao tratamento materno. A hanseníase não contagiosa não é contraindicação para a amamentação; entretanto, a criança, amamentada ou não, deverá ser submetida periodicamente a exames clínicos para possibilitar a detecção precoce de possíveis sinais clínicos da doença.
Doenças gastrointestinais e diarreia
Em doenças diarreicas, não há passagem dos microorganismos causadores de diarreia via leite materno. Entretanto, os agentes etiológicos causadores de doença diarreica materna podem ser importantes contaminantes externos, principalmente do leite materno ordenhado. Assim, deve-se orientar cuidados higiênicos, com ênfase especial na lavagem das mãos após o uso do sanitário.
Sífilis e amamentação
Quanto à sífilis, se houver lesões primárias e secundárias na aréola e/ou mamilo, a amamentação é contraindicada temporariamente na mama afetada, até a cicatrização das lesões mediante o uso da antibioticoterapia sistêmica. A criança deverá ser testada e tratada com antimicrobiano.
Doenças parasitárias e amamentação
As doenças parasitárias não se configuram como contraindicação para a amamentação, visto que não há transmissão de parasita pelo leite humano. A malária, por exemplo, pode ser citada, pois essa doença parasitária não é transmitida entre humanos, muito menos pelo leite materno. No entanto, há uma exceção.
Doença de chagas e amamentação
Na doença de Chagas, o parasita pode ser excretado no leite humano.
Doenças virais e amamentação
Em doenças virais, como hepatites, mães infectadas pelos vírus das hepatites A (VHA), B (VHB) ou C (VHC) podem transmitir esses vírus para as crianças durante a gravidez, parto ou período pós-parto.
- Na hepatite A, não é recomendado interromper a amamentação de mães infectadas por VHA.
- Na hepatite B, o antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) foi detectado no leite de mulheres positivas para HBsAg. No entanto, estudos indicam que a amamentação por mulheres positivas para HBsAg não aumenta significativamente o risco de infecção para os seus filhos apesar de existir o risco teórico de transmissão se a criança entrar em contato com o sangue materno existente em fissuras ou traumas mamilares. O antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) foi detectado no leite de mulheres positivas para HBsAg. No entanto, estudos indicam que a amamentação por mulheres positivas para HBsAg não aumenta significativamente o risco de infecção para os seus filhos, apesar de existir o risco teórico de transmissão se a criança entrar em contato com o sangue materno existente em fissuras ou traumas mamilares.
Hepatite C
- Na hepatite C, O RNA do VHC e os anticorpos contra o vírus foram detectados no leite de mães infectadas; no entanto, a transmissão do HCV através da amamentação até o momento nunca foi documentada em mães com resultados positivos para o anti-VHC. Evitar a amamentação não diminui a taxa de transmissão vertical do VHC, pois esse risco não é devido ao leite materno ou colostro, por conterem uma quantidade muito baixa de vírus e que são inativados no trato digestório da criança. A hepatite C não contraindica o aleitamento materno e mães infectadas com VHC devem ser encorajadas a amamentar. No entanto, sabe-se que o VHC é transmitido pelo sangue infectado; assim, se a mãe infectada tiver fissura de mamilo ou lesão na aréola circundante com sangramento, ela deve parar de amamentar temporariamente na mama com sangramento. Nesse período, ela deve ordenhar e descartar o leite da mama afetada.
HIV e amamentação
Na infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), pode haver transmissão da mãe para o filho durante a gestação, no momento do parto e através do leite materno. O risco de transmissão vertical do HIV é maior durante a gestação e parto do que por meio do leite materno. No recém-nascido, as portas de entrada do vírus são as mucosas da nasofaringe e do trato gastrintestinal. As condutas em relação à amamentação de mães soropositivas para o HIV devem seguir as diretrizes de cada país. No Brasil, é contraindicada a amamentação para as mães soropositivas para o HIV, bem como a amamentação cruzada, ou seja, a amamentação de uma criança por uma mulher que não seja sua mãe
HTLV
Na infecção pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV), o Ministério da Saúde do Brasil contraindica a amamentação de mães portadoras do HTLV-1 ou HTLV-2, pois ambos os vírus causam doenças neurológicas, oftalmológicas, dermatológicas, urológicas e hematológicas a exemplo de linfoma e leucemia associada ao HTLV . Os recém-nascidos das mulheres soropositivas devem ser alimentados com fórmula infantil.
Herpes simples
Infecção pelo herpes simples tipo 1 e tipo 2 são responsáveis por infecções em humanos. O VHS-1 causa com maior frequência infeções orais e na face, manifestando-se por pequenos grupos de bolhas ou apenas inflamação local. O VHS-2 é o agente das infeções genitais, que pode apresentar sintomas quase insignificantes ou até bolhas que se rompem e provocam pequenas úlceras.
Os vírus são transmitidos pelo contato direto com fluidos corporais ou feridas de uma pessoa infectada. Quando a lactante apresenta sinais de infecção ativa por VHS, a amamentação deve ser mantida, exceto quando há vesículas herpéticas localizadas na pele da mama. A criança não deve sugar a mama afetada enquanto persistirem as lesões.
Lesões herpéticas em outras localizações devem ser cobertas e a mãe deve ser orientada quanto à higiene criteriosa das mãos Parece que as medidas de higienização das mãos e o uso de máscara facial pela mãe são suficientes para evitar a transmissão do vírus, não sendo necessário o isolamento, pois quando a mãe apresenta sinais da doença a criança certamente já foi exposta ao vírus. A mãe pode amamentar com máscara.
Recomenda-se a lavagem das mãos com água e sabão e/ou uso do álcool gel em seguida, principalmente antes de amamentar e após as crises de tosse e espirros
Varicela
No caso da Varicela, mães com varicela cujo início ocorreu em mais de 5 dias antes do parto ou após o terceiro dia pós-parto produz e transfere anticorpos para o recém-nascido. A Associação Americana Pediatria recomenda que as mães que desenvolvem varicela 5 dias antes até 2 dias após o parto devem ser separadas de seus filhos, e que o seu leite deve ser ordenhado e usado para alimentação do filho pois nessas circunstâncias não há tempo suficiente para as mulheres produzirem e transferirem via placentária os anticorpos do vírus da Varicela-Zóster (VVZ).
Candida albicans
O aleitamento materno representa uma possível fonte de colonização e de reinfecção devido ao contato direto entre mãe e filho. Quando um ou ambos apresentam manifestação da doença, está recomendada a terapia medicamentosa simultânea da díade. O fluconazol oral, antifúngico compatível com a amamentação, é o medicamento mais indicado quando justificado o uso de terapia sistêmica. Está indicada a manutenção do aleitamento materno. Manter os mamilos secos e arejados é uma medida preventiva contra a instalação da cândida.
Portanto, diante de todas estas informações, percebe-se mais uma vez que o leite materno é a forma mais completa de nutrição dos lactentes, incluindo os recém-nascidos pré-termo. Contudo, existe um número limitado de doenças infecciosas maternas em que a amamentação é contraindicada. Por fim, a avaliação específica das pacientes é necessária para que o médico defina se a exposição a determinados vírus ou bactérias através do leite materno justifica a interrupção do aleitamento materno. O profissional de saúde deve analisar todos os casos com cautela a fim de que não seja realizada a interrupção desnecessária do aleitamento materno, bem como o desperdício dele.
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