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SUPLEMENTAÇÃO PARA LACTANTES – O QUE PRECISO SABER?

O leite materno é o principal alimento dos bebês durante o seu primeiro ano de vida e especialmente nos seis primeiros meses, quando recomenda-se o aleitamento materno exclusivo. Ele contém nutrientes essenciais para o desenvolvimento da criança e reduz o risco de doenças infecciosas, bem como seus benefícios podem ser observados na vida adulta reduzindo o risco de diabetes e obesidade e afetando até a inteligência. Por essa razão, é essencial que o leite materno tenha sua formulação adequada às necessidades do bebê, sendo necessária inclusive a suplementação materna. Estudos demonstram que certos nutrientes ao serem ingeridos podem alterar a concentração no leite materno, enquanto outros não resultam em alterações significativas. 

Tiamina 

Vitamina que participa do metabolismo de carboidratos e aminoácidos e sua suplementação eleva rapidamente sua concentração no leite materno, especialmente em mulheres com deficiência. Por outro lado, não tem-se observado alterações em mulheres com taxas suficientes, pois o transporte de tiamina eleva-se apenas em caso de baixa concentração. Sendo assim, é necessário avaliar a reserva materna e prescrever a suplementação se necessário. 

Riboflavina 

Atua na produção de energia e na atividade da glutationa. A deficiência pode causa alterações dermatológicas, neurológicas e até afetar o desenvolvimento da criança. A taxa dessa vitamina é afetada pela dieta materna e pela suplementação 

Vitamina B6 

Vitamina B6 é um cofator de diversas enzimas e sua deficiência pode gerar alterações neurológicas e comportamentais. Sua concentração no leite é altamente determinada pela ingesta materna, inclusive se há suplementação. 

Vitamina B12 

Quando em níveis abaixo da normalidade, pode resultar em sintomas neurológicos e afetar o desenvolvimento da criança e sua suplementação resulta em aumento da concentração no leite materno. Há preocupação em relação a lactantes veganas e vegetarianas, que no geral possuem baixas taxas dessa vitamina, mas a literatura comprovou que o leite materno de mães suplementadas por B12 é nutricionalmente equivalente ao de mães não-veganas e não-vegetarianas. 

Folato 

Necessário no processo de produção de proteínas, DNA e RNA. A suplementação de folato é recomendada para mulheres no período pré-gestacional até o final da

gestação, porém, se realizada durante o período de lactação – seja em forma de folato ou ácido fólico – não altera a concentração no leite materno. 

Colina 

A deficiência de colina na infância está associada a baixa estatura e portanto, taxas nutricionalmente adequadas no leite materno são essenciais. Quando a ingestão dietética não for suficiente, suplementação de fosfatidilcolina gera aumento das concentrações no plasma materno e no leite. 

Vitamina C 

Participa do sistema imunológico e sua concentração no leite materno é pouco afetada pela suplementação. 

Vitamina A 

Crianças nascem com baixas taxas de vitamina A, independente das taxas maternas e por isso, o leite materno é imprescindível para assegurar o crescimento e desenvolvimento infantil. Estudos concluíram que a suplementação em comunidades com deficiência de retinol foram efetivas, porém, não resultaram em aumento no leite materno em lactantes bem nutridas. 

Vitamina D 

Substância que atua no desenvolvimento do sistema imune, cerebral e no crescimento ósseo pode ser suplementada efetivamente durante a lactação. 

Vitamina E 

Responsável por estimular o sistema imunológico e por atuar como substância antioxidante. A suplementação materna comprovadamente aumenta a concentração no colostro. 

Vitamina K 

É administrada logo ao nascimento para evitar síndrome hemorrágica. Estudo comprovou que a suplementação materna à partir do nascimento até 12 semanas após resultou em maiores taxas no plasma materno, leite materno e plasma da criança. 

Ferro 

Substância importante que participa da estrutura da hemoglobina e de diferentes enzimas. A reserva do recém nascido é acumulada principalmente durante o terceiro trimestre de gestação e a concentração no leite materno não é suficiente para as necessidades do bebê e por isso, orienta-se a suplementação infantil à partir dos 6 meses. A concentração no leite materno não é alterada pela suplementação materna. 

Cobre

Cofator enzimático de diversos processos metabólicos, sua concentração no leite materno não é afetada pela suplementação materna. No entanto, estudos demonstraram que aumento na taxa de selênio resulta em aumento da taxa de cobre. 

Zinco 

A deficiência de zinco compromete o crescimento e o sistema imune, bem como está relacionada à maior morbimortalidade por infecções do sistema respiratório e por diarreia. No entanto, a ingestão materna – por meio de dieta ou suplementação – não altera a concentração no leite materno. 

Cálcio 

Constituinte do osso e participante da comunicação celular, sua taxa no leite materno não se altera pela ingesta materna. 

Fósforo 

Sua taxa no leite materno é alterada apenas em caso de hipofosfatemia familiar materna e hiperparatireoidismo, não sendo afetada pela ingesta materna. O fósforo é um componente da membrana celular e ácido nucleico e atua em processos metabólicos diversos, como produção energética e comunicação celular. 

Magnésio 

Atua em reações metabólicas e parte da estrutura óssea. A taxa de magnésio no leite não é alterada pela ingesta materna e suplementação. 

Iodo 

Importante para o crescimento e desenvolvimento da criança, o iodo pode ser suplementado pela mãe visando aumento das taxas no leite materno. 

Selênio 

Componente de estruturas importantes para o metabolismo e para o desenvolvimento como glutationa peroxidase. Crianças nascem com uma certa reserva de selênio, porém, dependem do leite materno para seu estoque. A ingestão por meio da dieta ou da suplementação é um grande determinante na concentração no leite. 

Ômega 3 – DHA 

Recomenda-se que lactantes atinjam ingesta de pelo menos 200 mg de DHA por dia, seja por meio de suplementação ou dieta. Acredita-se que ele seja essencial no desenvolvimento visual e neurológico. 

Diante dessas informações, profissionais de saúde estarão preparados para a avaliação e prescrição de suplementos maternos essenciais para o desenvolvimento do lactente. Conclui-se que a suplementação de tiamina, riboflavina, niacina,

vitamina B12, colina, vitamina C, vitamina A, vitamina D, vitamina E, vitamina K, iodo e selênio efetivamente alteram a concentração de tais nutrientes no leite. Por outro lado, as taxas de folato, ferro, cobre, zinco, cálcio, fósforo e magnésio não são alteradas independente da ingesta materna e portanto, sua suplementação visando a alteração nutricional do leite materno é ineficaz. 

REFERÊNCIAS 

  1. Victora Cesar, et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. The Lancet [Internet]. 2016 Jan 30 [cited 2022 Jan 31];387(1):475-490. DOI https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)01024-7. Daphna K Dror, Lindsay H Allen, Overview of Nutrients in Human Milk, Advances in Nutrition, Volume 9, Issue suppl_1, May 2018, Pages 278S–294S, https://doi.org/10.1093/advances/nmy022 
  2. Karolina Karcz & Barbara Królak-Olejnik (2021) Vegan or vegetarian diet and breast milk composition – a systematic review, Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 61:7, 1081-1098, DOI: 10.1080/10408398.2020.1753650 
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  4. Chmielewska A, Dziechciarz P, Gieruszczak-Białek D, Horvath A, Pieścik-Lech M, Ruszczyński M, Skórka A, Szajewska H. Effects of prenatal and/or postnatal supplementation with iron, PUFA or folic acid on neurodevelopment: update. Br J Nutr. 2019 Sep;122(s1):S10-S15. doi: 10.1017/S0007114514004243. Epub 2016 Jan 22. PMID: 31638499.
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